quinta-feira, agosto 05, 2004

Rola o esférico...

Desde os primórdios deste blog que a ideia de agrupar os clientes em tipos percorre a minha mente. E, rapidamente cheguei à conclusão que a melhor maneira de encetar tamanha proeza seria indubitavelmente recorrer à uma analogia entre os clientes e as personagens que preenchem o futebol português. Assim sendo, comecemos sem mais demoras:
Cliente tipo FIGO: O Figo, para actor, até nem joga mal. O cliente tipo Figo, tal como o seu conterrâneo futebolístico, entra só para marcar presença e passear (com muito ênfase no passear) classe. Entra e sai da loja, sem tocar num único livro, mas pavoneia-se sem pudor, para gáudio das fãs.
Cliente tipo DIAS DA CUNHA: Este cliente tem sempre alguma conspiração em mente. Tal como o dirigente verde e branco, proclama que o sistema está por trás de tudo, contra tudo. Sejam as Stargates no Egipto que controlam o pensamento dos líderes mundiais, mas afinal estão sob o poder da CIA, sejam as conspirações da Igreja católica que quer esconder verdades à muito perdidas, ou ainda sérias conspirações políticas, mencionando mesmo o facto de o Bin Laden estar hospedado com o próprio George W. Bush. E estes clientes, tal como Dias da Cunha, sentem-se injustiçados. E mostram-no. Muitas vezes tentam calá-los, mas ninguém consegue.
Cliente tipo MOURINHO: Tal como Mourinho, o cliente vem à loja sabendo atempadamente o que quer, quando quer, como quer. Mas não é só isso. Já sabe o que vai querer depois de ter o livro que procura, e todas as alternativas possíveis, assim como Mourinho faz com o seu plantel, sabendo já as substituições e nuances tácticas a aplicar com semanas de antecedência. Este cliente sabe tudo. Por vezes sabe uma coisa, mas não a diz. Mas pensa. Tem sempre total controlo sobre as situações.
Cliente tipo OCTAVIO MACHADO: Bastante semelhante ao cliente tipo DIAS DA CUNHA, mas com uma pequena diferença: nem ele próprio sabe sobre que conspiração paira sobre nós. Tenta se exprimir, mas queda-se por uns enigmáticos: “Sabe, aqueles, que fazem aquilo, naquela altura, você percebe; você sabe do que estou a falar; você está a ver não é;” Parece mergulhado na sua própria realidade, dando francamente a ideia de que estaria melhor na sua quinta a cuidar dos vegetais.
Cliente tipo LUIS FILIPE VIEIRA: Sempre que efectua qualquer compra, procura sempre a pechincha e o descontinho. Chega por vezes com um amontoado de livros de preços módicos, tal como Vieira e a sua pesca volumosa de jogadores do Alverca, na esperança de descobrir algum que seja minimamente bom.
Cliente tipo PAULETA: O Pauleta demonstrou no Euro 2004 que, apesar de ser um rapaz esforçado, é tremendamente inconsequente. À sua imagem, o cliente tipo PAULETA mexe em muitos livros, coloca-os no balcão, lê vezes sem conta, mas na hora de pagar, leva o livro mais pequenino e barato que conseguir encontrar. Por vezes, quando procura um livro, esforça se muito para se expressar, mas raramente consegue fazê-lo na perfeição. Dentro da loja, como dentro das quatro linhas, não sabe bem para onde se virar. Parece que vai para a esquerda, mas depois segue para a direita, parando a meio caminho, parecendo muitas vezes perdido e deslocado. Típico do ponta-de-lança luso.
Cliente tipo PIMENTA MACHADO: É o tipo de clientes que faz uma encomenda, mas depois ao ser confrontado com a chegada do livro nega categoricamente ter encomendado aquele livro, mas sim outro. O que hoje é verdade amanhã é mentira. Nem mais.
Cliente tipo JARDEL: expressa-se usualmente na 3ª pessoa, e usa a expressão Graças a Deus em todas as frases. O seu tom de voz é idêntico ao tom de voz de um soprano. Procura cartões de telefone, e o livro Quem Mexeu No Meu Queijo? Porquê, é algo que atormenta a mente dos estudiosos. Mas é assim que acontece.
Cliente tipo PINTO DA COSTA: Ninguém tem o atrevimento de negar nada a este tipo de cliente. Tem o que quer, quando quer. E se não tem, encontra sempre maneira de arranjar. E provavelmente, vai arranjá-lo com um grande desconto. Respeitado por todos, temido por muitos. Não permite qualquer tipo de veleidades. Tal como o decano dirigente, tem sempre a língua afiada, não enjeitando qualquer oportunidade para soltar uma piada caracterizada pelo seu humor irónico e mordaz.
Cliente tipo MANTORRAS: Este cliente, quando faz uma encomenda, rasura a data do pedido para posteriormente poder reclamar da falta de cumprimento da loja. Fala também na terceira pessoa.
Cliente tipo ANTÓNIO OLIVEIRA: Tem no esoterismo a sua zona de predilecção. Tem uma crença profunda e inabalável no oculto e sobrenatural, geralmente utilizando símbolos que o comprovam. Oliveira no fatídico Campeonato do Mundo de 2002, que decorreu na Coreia e no Japão, utilizou cebolas e alho para afastar o mau-olhado. Este tipo de cliente recorre também a essas superstições para obter os seus fins.
E assim, mais uma vez termina a partida.


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