domingo, agosto 15, 2004

Futebolografias

Antes de mais, e para os mais desatentos, estamos em Agosto. Este era o momento que eu mais esperava desde que consumo o ar desta livraria. E porquê? A resposta é simples: Pauleta. Sei que neste momento devem estar a duvidar seriamente da minha sanidade mental. Mas, eu passo a explicar. Todos os meses é necessário devolver certos livros. E desde que eu aprendi isso, que tenho andado de olho na biografia do aríete luso, sempre à espera da data certa para o devolver à sua procedência. E eis que ela paira sobre nós. Obviamente não perdi a oportunidade, e eu mesmo me encarreguei de devolver a biografia do mais famoso emigrante açoriano. Inicialmente, achava a ideia de fazer uma biografia de um jogador de futebol quando ele ainda se passeia pelos campos europeus ridícula. Claro que não é tão ridícula quanto as mais recentes exigências do Figo em relação à selecção nacional. Não ouso ir tão longe. Mas tenho de admitir, agora, que foi uma excelente ideia. Com a inolvidável prestação do avançado português no mais recente Europeu de futebol, ainda para mais realizado no nosso burgo, o livro ficaria decerto manchado. Acho, contudo, que os leitores estão a ser enganados ao comprar o livro. Sim, aquela multidão de duas pessoas que compraram o livro nesta casa está a ser defraudada. A minha singela proposta para acrescentar manualmente ao livro a frase “E EM 2004 PAULETA DESLUMBROU OS ADEPTOS DAS EQUIPAS ADVERSÁRIAS DA SELECÇÂO DAS QUINAS COM AS SUAS ASSOMBROSAS ACTUAÇÔES” foi declinada, é pena. E atenção, digo assombração com todo o sentido da palavra. Pauleta parecia um fantasma. Só alguns sortudos, no final dos jogos, é que afirmavam a pés juntos que tinham visto o Pauleta em campo. Eu, não tendo qualquer jeito para o esoterismo, nunca o consegui ver. Um episódio curioso, e que revela muito acerca da alteração que se procedeu na mentalidade dos portugueses relativamente à máquina goleadora dos Açores, sucedeu aqui na loja. Duas crianças brincavam enquanto iam vendo livros, ao acaso. Ao defrontar-se com o livro do Pauleta, uma das crianças exclama: “OLHA O LIVRO PAULETA, FIXE!”. A outra criança para, e olha circunspecta para a que afirmou algo tão grave. Em seguida afirma peremptoriamente: “O PAULETA? SÓ PERCEBE DE QUEIJOS!”. As crianças não mentem.
Continuando nos meandros do esférico, temos o livro do já famoso guarda-redes mártir nacional: Ricardo, nº 76 do Sporting Clube de Portugal e nº1 da selecção de todos nós. O seu livro chama-se, apropriadamente, Diário De Um Sonho. Isto porque o Ricardo deve ter escrito sobre um sonho seu, porque a realidade não lhe apresenta motivos para escrever. Depois de um ano desastroso ao serviço do seu clube, com uma média de golos sofridos (quase 1 por jogo!) verdadeiramente inaceitável para um guarda-redes de um grande, e também uma prestação sofrível no Euro, não vejo razões para escrever. A não ser para continuar a sua birra (e com toda a razão) acerca do Mundial de 2002. E depois a birra contra o movimento pró-Baía na selecção. Muito gostam os jogadores lusos de fazer birras por tudo e por nada. Já Sá Pinto fez birra por não ter sido chamado à selecção e foi dar um tau-tau ao Artur Jorge. Tudo bem que Artur Jorge merecia um castigo pelo que fez ao Glorioso. Mas assim não. E depois temos as birras do Figo por causa do Deco, e porque os jogos interferem com a sua carreira de actor. Voltando ao livro do Ricardo, se ele escrevesse sobre cada golo que sofreu na época passada teríamos não um livro, mas sim uma enciclopédia. Quando o livro chegou, ficámos na dúvida quanto à localização do livro. Se na zona do desporto ou dos animais, devido ao facto de estarmos sempre a ouvir na rua a seguir aos jogos: O RICARDO É UM PATO. O RICARDO É UM FRANGO. Parece me lógico. Como diz Ricardo na sua música: “QUANDO FOR GRANDE QUERO SER UM JOGADOR DE FUTEBOL”. Força Ricardo continua a lutar que um dia vais conseguir.
Outra biografia curiosa é a de Deco. Interrogo-me quantos e quantos factos estarão omitidos naquele livro. Fala-se muito, sabe se pouco. Espera-se que um dia a verdade venha ao de cima. Deco no seu livro, conta coisas tão especiais como o dia em que se esqueceu do preservativo no banco de trás do carro dos pais e como estes descobriram no dia seguinte, a caminho da igreja. Que bonito.
Agora, impõe-se a seguinte questão: Para quando as biografias dos verdadeiros ídolos do futebol nacional, presente e passado? Para começar, achava bem mais interessantes as biografias de Zé de Angola, Cao, Carlos Costa, Heitor, Alex Bunbury, Katanga Makalanga e Kasongo Kabue, Constantino, Tuck, Martins, Secretário, Hassan Nader, Pedro, Barroso, Tonino Cruz, Jokanovic, Rui Neves, Bilro, Zé da Rocha, Mangonga, N´Dinga, ou então do já mítico Globetrotter luso, esse explorador do futebol, meretriz dos revaldos que é Vítor Vieira. Comparável a Vítor Vieira só mesmo Sérgio Conceição, o infante chupista. Enfim, a lista é interminável.
Estes sim, são os mosqueteiros do futebol português...

2 comentários:

Anónimo disse...

é o rui.pá, este ta muito fixe, lol! descriçao perfeita do nosso grande futebol luso...salvo o iraque é claro...é com cada bomba...futebolistica claro! para quando biografias sobre os grandes nomes do futebol nacional, como mangonga...ou mesmo tahar el kalej.lolol.
rui andrade

Loretta disse...
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