domingo, abril 02, 2006

A Busca da Verdade

Ia eu começar a escrever quando surge algo no horizonte que me distrai complemante. Amigos, eu já vi muita coisa. Muita mesmo. São demasiadas horas a espreitar para fora deste aquário sem água a que chamam loja. Mas, ver uma rapariga a passear dentro da loja, enquanto vai lendo alguns livros, com um bocado de cartão colado às costas e que se estende uns valentes 75cm acima da sua cabeça, com publicidade à série "Desesperate Housewives" é algo digno de ser visto. Aqui o meu colega Gulbenkian, este verdadeiro raio de luz ambulante com a sua camisola amarela, não queria acreditar nos seus olhos. Pobre rapariga, parece saída de uma banda desenhada. Só que esqueceram-se de lhe tirar os balões das falas. Devem pagar bem, é tudo o que digo.
Não há nada como clientes enraivecidos. E se há coisa que os deixa fulos é quando lhes passam à frente na fila para pagar. É compreensível. Se por acaso atendemos alguém que se esgueirou sub-repticiamente para a frente da fila, começa logo uma discussão. "OH FAXAVOR EU TAVA PRIMEIRO, ESTE ... "SENHOR" PASSOU ME Á FRENTE!" logo seguido de um "DESCULPE! EU ESTAVA PRIMEIRO, NÃO TENHO CULPA QUE TIVESSE AÍ A DORMIR!". As discussões atingem por vezes níveis bastante perigosos. E eu aqui, atrás do balcão, a presenciar tudo calmamente. Até à semana passada. Atendi uma cliente, e surgiu logo um envervadíssimo "EU TAVA PRIMEIRO!" da senhora do lado. Surgiu a resposta e a contra resposta. E eu já a pensar em ir buscar as pipocas para assistir à discussão. Mas eis senão quando as senhoras, em vez de se degladiarem até à morte, se unem contra mim. "Peço imensa desculpa, mas foi aqui este "SENHOR" que me chamou para ser atendida" ao que a outra cliente respondeu "Pois, não estão com atenção, é o que dá". A outra cliente assentiu e continuou: "Realmente, é sempre a mesma coisa...". E ali ficaram, a olhar-me com desprezo, enquanto despejavam todo o seu ódio em mim.
Na semana passada, um cliente comprou um livro da colecção Para Totós. Até aqui tudo bem, não fosse o facto do dito cliente ter chegado a casa e ter reparado que afinal não era aquele que ele queria. Então o que é que ele faz? Liga para a loja. "Ah, bom dia. Eu comprei aí um livro chamado Internet Para Totós, mas o que eu queria era Informática Para Totós." Tudo parecia correr bem, até ele dizer "Eu fui atendido por um rapaz simpático, com uma coisa no pescoço." Suponho que ele estivesse a falar do meu fiel identificador. Que todos usamos. Quer dizer, todos menos a Feiticeira. E O Santo, porque tem o pescoço sensível. Acho que era disso que ele estava a falar. Ou disso ou da minha cabeça. Acho que é normal apelidar, tanto ao identificador como à minha cabeça, de coisa. Claro que a parte do "simpático" foi a parte mais chocante para os meus colegas.
Estava eu no balcão a tentar trabalhar quando vejo um homem e uma mulher a segurarem uma caixa. Pararam junto ao balcão, sem largar a caixa e mantinham um sorriso tipo Barbie. Não se mexiam, nem sequer pestanejavam. Pensei que fossem dizer: "Take me to your leader", mas não, pediram-me licença apenas para deixar a caixa no back office, sempre com os olhos esbugalhados. Estranho, pensei eu e mandei os entrar. Lá deixaram a caixa e partiram, como se nada fosse. Quando fui ver o conteudo da caixa tudo fez sentido. Eram livros de Cientologia, a religião inventanda por L. Ron Hubbard. E quem é L. Ron Hubbard? Não sei, não interessa, mas aqui diz que vendeu 120 milhões de livros. Ena. Em Hollywood está na moda, e isso não é dizer pouco. Foi aliás, a razão pelo qual Isac Hayes (o Chef) abandonou o Southpark, o que só por si constitui motivo suficiente para não gostar desta religião.
Por falar em religião, o livro da Alexandra Solnado traz à loja personagens novas. Na segunda-feira passada estava ainda a tentar acordar quando uma senhora se aproximou do balcão e perguntou se tínhamos a Limpeza Espiritual. Como é que poderíamos ter? É um verdadeiro bestseller. A senhora ficou bastante desiludida. Então começou a ver outros livros, e acompanhava a leitura de cada livro com a pergunta: "Também é de limpeza espiritual?" E a cada livro, a mesma pergunta. Chegou inclusivamente a pegar num livro do mesmo formato do livro Limpeza Espiritual e perguntou se era de limpeza espiritual. Quando confrontada com esse facto, perguntou: "Então é sobre quê?". A minha colega pegou no livro, olhou para a capa e viu o título Como Contactar o Seu Espirito Guia. E disse: "Este é para contactar o seu espírito guia". Pelo título ninguém ia lá. A senhora respondeu prontamente: "Ah, então é isso! Mas não tem limpeza espiritual?". Depois virou-se para os livros da Louise Hay. Mostrei-lhe todos os que tínhamos, mas ela já tinha tudo. Queria um dela que falasse de limpeza espiritual. Não temos. Então começou a tirar livros ao calhas da prateleira e a perguntar: "Também é da Louise Hay? Também é dela? E este?" Calculo que ler não fosse o forte dela.

13 comentários:

Anónimo disse...

Ai qui lindo
LARA

Anónimo disse...

Ich verstehe Sie nicht. Könnten Sie das bitte erklären?
Das ist aber schade....

Anónimo disse...

LARA :
귀중한Lara그것은 정당했다 농담. 너무의iwnat대회 유감스러운cofee에 너 너의 매혹된 것...
Isto é Coreano...
Bj Doce***

Anónimo disse...

:)

Anónimo disse...

Ninguém.

Anónimo disse...

lol
N podes ser tão humilde...
:)

O Livreiro disse...

Ena pá, o meu blog já parece o Hi5, foi isto que sempre sonhei.

Anónimo disse...

Penso que as pessoas se esqueceram qual o objectivo do blog. O anónimo que arranje uma cama...

Anónimo disse...

isso é um convite?

Anónimo disse...

Convite para servir de cama???

Anónimo disse...

Não...para fazer companhia na cama...:P
Beijo Doce

Anónimo disse...

A três parece-me demais...

Anónimo disse...

Tens que te "abrir" a novas experiencias...:)