quinta-feira, janeiro 19, 2006

Queixas e Reclamações

Como todos devem saber, o livro de reclamações é agora obrigatório em todo o tipo de estabecimentos onde haja contacto com o público. Assim, os clientes mais amuadinhos podem, facilmente, queixar-se de tudo e mais alguma coisa com a maior das facilidades. Sendo uma medida que devemos aplaudir, pois poderá vir ajudar a melhorar a qualidade do comércio em Portugal, não consigo deixar de me sentir um tanto ou quanto injustiçado. Existem reclamações que têm e devem ser feitas, para o bem de todos. Mas, se leram o que venho a escrever à mais de um ano (o que é altamente improvável, sejamos realistas) já deviam saber que há clientes, quais seres demoníacos vindos das profundezas do Inferno (sem ofensa para a Manuela Moura Guedes, obviamente) que são capaz de reclamar por e tudo e por nada. Sendo o por nada mais frequente, claro. O que deixa antever muitas e boas injustiças por esse país fora. Mas, pelo menos agora os consumidores têm, ao alcance de um pedido, uma ferramenta que lhes irá fazer valer todos os seus direitos. Maravilha não é? É a segunda melhor invenção do Séc. XXI, logo atrás do Kit Sócio.
Mas, onde param os direitos dos comerciantes, neste caso, dos livreiros? Se, vamos supor, um livreiro de barba rija, músico e escritor, vamos chamar-lhe de "Gulbenkian" para proteger a sua identidade, expulsar um cliente da loja por passar da hora e este decidir reclamar, está no seu direito. Mas, e o pobre “Gulbenkian”, cansado de 8 horas de trabalho árduo, que não pode reclamar junto de nenhuma instituição o facto de o cliente ter ignorado as portas e luzes fechadas do estabelecimento e ter ignorado os avisos de que a loja já se encontrava fechada? Eles podem queixar. Nós não.
Por exemplo, ainda agora, eu tinha um cliente assim a atirar para o estrábico (acho que é mesmo o termo técnico, "assim a atirar para o estrábico"), que, enquanto lia com um olho a mensagem que tinha no telemóvel com o nome do livro que queria, ia lendo com o outro olho a pesquisa que eu estava a fazer no computador. É inadmissível, violação de privacidade do Livreiro!
Considero, portanto que os direitos dos Livreiros não estão acautelados. Como tal, enviarei a seguinte carta para a Deco:

“Exmos. Srs. Da Deco

Venho por este meio apresentar as minhas queixas (tipo Pinto da Costa) relativamente aos livros de reclamações.
Não será injusto, quer do ponto de vista humano quer institucional, apenas os clientes terem o direito de reclamar? Então e os comerciantes, não são pessoas? Tudo bem, concordo que para a maioria dos clientes seremos apenas capachinhos (e daqueles muito maus, vendidos pelos ciganos na feira, já usados). Mas, mesmo assim, penso que devíamos ter o direito de fazer queixa dos consumidores. Se o Porto pode queixar-se porque o Petit deu uma festinha ao jogador do Estrela, porque é que nós não podemos fazer o mesmo?
E, já agora, podíamos queixarmo-nos dos nossos colegas também? Queixas e reclamações são salutares. Por exemplo, o Baixas passa a vida a ver fotos dele em tronco nu. É motivo para queixume. O Gulbenkian anda sempre a por aqueles CDs de Jazz insuportáveis. Também é motivo de protesto.
Mas, voltando ao assunto que motivou o envio desta carta, considero uma medida positiva a criação do novo livro de reclamações. Tenho apenas um leve reparo a fazer. O livro contém, por cada reclamação, uma cópia para a loja, outra para a entidade competente, e outra para o cliente. Até aqui, tudo bem. Então, mais uma vez, onde está o comerciante nisto? Onde está a sua cópia para levar para casa e emoldurar? Já me estou a ver, com a minha filha, num local de destaque da sala: “Estás a ver filha, Verão de 2006, disse a um cliente que quando ouvi a voz dele pensei que fosse o Serginho. Por pouco não fui despedido… E com razão!”
Já agora, porque é que a letra “e” aparece virada ao contrário na palavra “de”, tanto no livro de reclamações como no cartaz que o anuncia? É alguma piada?
Espero que tomem as minhas sábias palavras em consideração, e que tomem providências quanto às injustiças que ocorrem neste mundo.
Já agora, podem fazer qualquer coisa quanto à inclusão do Beto no onze titular do Benfica? Eu sei que é pedir muito, mas dêem lá um jeitinho.

Muito obrigado pela atenção,
O Livreiro

P.S.: Já agora, o Baixas diz que já resolveu o problema com a sua boneca insuflável, já não há qualquer necessidade de processar a loja “Depravarium.”
Até à próxima.

2 comentários:

Anónimo disse...

burrrrrrrrrrrrrrrrrooooooooooooooo

Anónimo disse...

PENSO QUE NAO TEM QUALAUER FUNDAMENTO GANDE PALERMA