domingo, maio 29, 2005

Blogs

Isto dos blogs está na moda. Lentamente a loja vai recebendo cada vez mais e mais blogs editados em livro. Não se pode dizer que o sucesso seja muito. Vejamos por exemplo o Barnabé. Mais de 1 milhão de visitas na net (era o que dizia na capa, atenção os números não são meus...) e 7 vendas. 35% dos livros foram vendidos (o que, para os matematicamente desabilitados significa que entraram 20 livros), não é um desastre total, mas também não deslumbrou. Vejam então o Acidental, o blog que a direita adora. Editado pela Hugin (quem diria? um blog de direita editado pela Hugin, que surpreendente), recebemos 5 livros, vendeu-se 1. Mais do que eu pensava, devo confessar. A direita adora, mas das duas uma: ou não tem dinheiro, ou não sabem ler. O que comprou o livro devia ser um iluminado e deve ter deitado o olho ao Barnabé, sentindo se tentado, qual homosexual perante uma bela mulher. A comparação não podia ser mais apropriada. Continuando pela direita, temos o blog de Ana Anes, intitulado "Estou à Espera Que Me Venham Buscar", também editado pela Hugin. Vieram 3, vendeu-se 1, foram devolvidos 2, vieram mais 2. Nota-se aqui alguma insistência, mas tudo bem. Depois temos o "Leituras de Casa de Banho" de Nuno Gervásio, e aqui sobe o nível dos blogs apresentados. Em termos de vendas, chegaram 10, não se vendeu nenhum, e já lá vai um mês... Depois temos o livro "Inépcia" que, segundo o autor não provêm de um blog mas sim de um e-zine. Mas, enquadra-se bem aqui. Chegaram 15, já passaram 7 dais, não se vendeu nenhum. Como vêm, os blogs editados não primam pelo sucesso. Mas a razão que me fez escrever hoje, qual resuscitação, é o livro do blogo do Gato Fedorento. Aquele link ali na esquerda. E agora reparem, este mastodonte da blogosfera chegou na bela quantia de 50 unidades. Na estreia vendeu 1. Hoje já vendeu outro, mas creio que este se vai safar bem... Curioso é que na nossa base de dados aparece como autor Miguel Góis. Claro, só há espaço para um autor por livro. Sinceramente esperei que aparecesse "Vários" como o autor. Mas não, decidiram-se por Miguel Góis. Porquê? Verão nele alguma qualidade que sobressai? Consideram-no o principal responsável? O maior benfiquista? Ou porque é mesmo o primeiro nome que vem na capa? Depois dizem que não há vantagem em ser o primeiro. E, agora perguntam vocês se gosto do livro. Eu dou-vos a minha opinião: é jeitoso, amarelo, facilmente encontrado em qualquer prateleira ou estante. O amarelo, ainda que sem ferir os olhos, confere ao livro um aspecto que facilmente os distingue dos demais. Sinceramente, espereva um cor-de-rosa bebe, mas não se pode ter tudo. Tem o tamanho ideal, assim a atirar para o gorducho, mais sobre o comprido. É maneirinho, fácil de embrulhar (o que faz com que, desde já, agradeça aos autores e a quem tratou do design do livro, pois, como se sabe, fez um favor à comunidade de pessoas que, tal como eu, tem tanto jeito para embrulhar como o Ricardo para apanhar cruzamentos). Quanto ao odor não posso precisar, pois estou bastante constipado. A textura é rugosa, mas ainda assim agradável, não sendo ideal (ao contrário de outros livros) para limpar o líquido entornado na mesa da sala. Vai bem com batatas a murro e carne assada sobrada do natal, devidamente congelada e selada em vácuo. Foi editado pela editora Livros Cotovia, e como diria o meu amigo: "Ou era pela Cotovia, ou bem que se... Tramva!". Sem ser uma editora com grande peso em termos comerciais, é uma editora bem vista pelo mundo dos livros em geral, cujas novidades expostas por nós são "Iliada" de Homero, tradução de Frederico Lourenço; "Odisseia" também de Homero e também traduzia por Frederico Lourenço; "Gato Fedorento - o Blog" por Ricardo de Araujo Pereira, Miguel Gois, Zé Diogo Quintela e Tiago Dores (troquei-lhes as voltas). É uma sequência mais que lógica: Iliada, Odisseia (dois dos maiores clássicos gregos) e depois o Gato Fedorento. Tudo o que se passou em termos literários entretanto não é digno de registo. Aliás, diz-se que o próprio Frederico Lourenço, confrontado com esta obra mítica disse: "Vou traduzir do grego para português!" Obviamente, foi chamado à atenção que o livro já vinha na lingua de Camões, o que lhe provocou um desencanto enorme. Porque os escritores / tradutores não se chateiam, desencantam-se.
Tenho que acrescentar que o livro traz um texto inédito, intitulado: "Como Escrever Um Texto Humorístico". Claro que, se tivessem editado este texto mais cedo, eu teria chegado mais cedo à conclusão que o texto humorístico não é para mim, e teria se poupado este precioso espaço na internet. Espaço este que facilmente poderia ser ocupado por um clube de fãs do Paulo Almeida, ou por uma página de homenagem a Areias.
Voltando ao livro, perguntam-me se o comprava. Não, porque posso lê-lo aqui. Ou alguém me pode oferecer, alguém famoso que o tenha grátis. Fica aqui o repto. Mas, digo-vos já que vale a pena comprar. E pela primeira vez, apelo à compra.
Agora parem de ler. E venham comprar.

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